Sinto-me viva e poderosa quando meus pés-tênis vão me levando
Pernas-feitas-toras que se torneiam a cada passada
Gosto de ver a transformação que no meu corpo se dá
A cada passada é como se um êxtase me dominasse
Dor e alegria convivem mutuamente
Ambigüidade que me acompanha e me constitui
Descubro-me, sofro, imponho-–me desafios, contento-me!
Mas não contenho, expando
Intensamente me deixo dominar
O sol me impulsiona e me traz dor
Queima, curte a pele
Mas ainda assim curto cada momento pelo prazer do caminho e
da chegada
Pelo momento em que a plenitude se estabelece com força: a
celebração da linha final...
Meus pés pervertem o ideal feminino da beleza
Materializam o sacrifício dos quilômetros vencidos
A verdade é que o ritual das pistas em mim se estabeleceu
Me engrandeceu
Me faz maior do que poderia imaginar
E me faz também pequena e frágil
Me faz fêmea forte e domadora
Domo meu ser, domino meu fôlego, minhas pernas
E sigo sempre em frente
Por retas e curvas que me transformam
Beleza conquistada a cada metro
Momentos que me fazem pertencente a um universo particular
Que me configuram e deixam marcas vivas, marcos na vida!
Encontro com mundos diversos, os mais diferentes tipos
Conheço histórias, as mais loucas e admiráveis
E escrevo a minha...
* escrito em 30/setembro/2007
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